Pesquise os melhores sites no TP

sexta-feira, 27 de maio de 2011

Brasília Century Fuck - Por Guilherme Naves

“Lindas escolas super equipadas”,“ruas e praças novinhas e limpas”,”rodovias em perfeito estado”, “hospitais modernos e atualizados” e por fim “crianças, idosos e cidadãos felizes da vida”!  Cada vez que vejo uma propaganda do governo eu fico mais surpreso com tamanha criatividade. São realmente grandes obras que deveriam estar em uma colocação considerável no ranking das superproduções do setor fictício audiovisual mundial. Fico me perguntando por que as pessoas responsáveis por estes anúncios não estão, há muito tempo, trabalhando para a The Walt Disney Company ou em qualquer produtora de renome em Hollywood.

Vamos entender um pouco mais sobre o que é uma propaganda?

Diferente do jornalismo, a publicidade visa adição de valor a um serviço ou produto. Ela é usada para exaltar pontos positivos e compensar defeitos e negatividades do anunciante.

Quando pensamos em empresas não se trata de uma ação errônea nem tampouco desleal, tendo em vista que temos o nosso direito de consumir ou não aquilo que foi anunciado. Mas de fato se trata de uma ação parcial e objetivada a criação de ilusões. De fato ela sempre estará primeiramente a favor do anunciante e não do consumidor.

Hora, pensem bem! Como podemos deixar que ações que visam uma comunicação com tal objetivo sejam fontes de informações sobre os gastos do dinheiro público?

Neste momento você deve estar afirmando que esta não é a principal fonte, que existem telejornais, revistas e centros de discussões que informam de forma completa sobre estas questões. Ok! Tudo bem! Realmente existem. Mas em um país como o Brasil, grande parte da população se deixa levar pelas fantasias apresentadas por esta ferramenta extremamente poderosa que é a publicidade. Mesmo que não fosse tão influenciada, o absurdo se constrói ao pensarmos que o seu dinheiro está sendo usado para uma informação parcial a favor daquele que está no poder. Independente de esquerda ou direita, esta atitude deve ser condenada e extinta de qualquer sociedade.

O fato é: dinheiro público deve ser tratado com respeito, a favor do povo! Fico imaginando um senhor de idade, após voltar de sua aventura forçada pelas filas do SUS, se deparando com um anúncio que retrata um hospital limpo, com leitos novos e médicos disponíveis. O sentimento deve ser revoltante. Ainda piora se ele tiver a consciência de que aquela produção foi feita através do recolhimento de sua suada verba mensal

Claro que o jornalismo também não está lá estas coisas e os comunicadores da criação estão certos em criticar e querer tomar parte do espaço, mas com devido “desrespeito” aos meus colegas de trabalho publicitários, digo que “vocês” estão errados! A propaganda política deve ser extinta! Ela só fomenta um imperialismo onde quem está no poder leva grande vantagem, desenvolvendo uma extrema covardia e deslealdade para com nosso povo. As Informações sobre o destino do dinheiro público devem ser contempladas somente no âmbito do jornalismo e nada mais. Onde, em sua essência, a informação é imparcial e democrática. Pelo menos deveria ser.  

Outro ponto a ser ressaltado está instalado no verdadeiro Oscar político. Aquela disputa insuportável entre superproduções em busca de votos para subir ao podium. Novamente peço “desculpas” aos meus “queridos” colegas, mas a campanha eleitoral deveria ser restrita a um candidato em uma cadeira ao fundo branco dizendo o que tem pra dizer em frente a uma câmera. No máximo uma legenda com seu nome e seu numero eleitoral. O que importa é seu conteúdo. É o que ele tem a dizer. São as idéias do candidato que o povo precisa saber. Sem marcas, sem apoios artísticos ou de renomes sociais. Não se preocupe “amigo publicitário político”, existem mercados mais bonitos e criativos no mundo da comunicação. Você pode até ir pra Hollywood, portifólio você já tem!

Por fim, lanço aqui um desafio para que todos lutem por isso. Tenho certeza que desta forma, para alcançar um cargo público, o candidato terá que se preparar em dobro, ter conteúdo claro e saber o que está fazendo ali sentado naquela cadeira. Bem diferente daqueles que assistimos diariamente pela nossa multinacional “Brasília Century Fuck”. 

terça-feira, 24 de maio de 2011

A MELHOR BANDA DE TODOS OS TEMPOS E DA ÚLTIMA SEMANA - Por Benjamin Collares



Paul Maccartney passou novamente pelo Brasil para dois shows no Rio.
Foi também a Santiago do Chile e Lima no Peru.

As imagens da chegada dele a capital peruana, onde nunca havia tocado, com uma multidão nas ruas, gritos e correria ficaram parecendo que a beatlemania havia ressurgido depois de 47 anos.
 
O que? 47 anos? Meu Deus, o tempo passou rápido demais.

Agora, em junho, já vou fazer 57 e o Paul 69 anos, não parece pra nenhum dos dois, pois temos signo, cara e disposição de garotos, mas é preocupante. (Risos)
 
Muitos podem perguntar, apesar das evidências contrárias, se ainda existe alguém disposto a ouvir aquelas canções? O que elas têm de especial?

Lennon disse uma vez que se soubesse o segredo do sucesso dos Beatles contrataria 4 cabeludos e seria o empresário deles.

O fato é realmente intrigante, afinal a banda acabou há 41 anos, ficou na ativa somente 8, dos quais em apenas 3 realizou apresentações ao vivo,  e, no entanto, é discutida, reverenciada e vende horrores como se estivesse aqui e agora.
 
O ano passado foram relançadas todas as músicas remasterizadas digitalmente e elas ficaram incríveis a ponto de se poder perceber a porcaria que foi a conversão para CD até então, com a recuperação dos efeitos e detalhes que haviam sumido das gravações.

O legal é que, depois de tanto tempo, os Beatles voltaram a colocar 5 álbuns juntos e ao mesmo tempo nas paradas ingleza e americana.
 
Eu que sou fã absoluto tenho que pacientemente ver amigos, colegas, amigos dos amigos, críticos, questionarem, levantarem hipóteses e até chegarem ao ponto de tentar provar o improvável: "a existência de outra banda tão boa".

Fica o consolo que se dedicarão à essa missão impossível pelo resto da vida sem chegar a nenhum CQD. (Risos)
  
Eu sempre digo que o sucesso dos Beatles é fruto do talento, é claro, mas principalmente, pelas harmonias vocais, pra mim insuperáveis, dos arranjos perfeitos e das canções, que além de mágicas, têm algo de sobrenatural. (BBBuuuuuhhhhh)

A longevidade deles é incontestável e o engraçado é que quem ganhou a fama de que não morreu foi o Elvis.
 
Analisando alguns fatos reais e comentários feitos sobre esse fenômeno talvez se consiga chegar a alguma pista que o explique.
Vamos a alguns exemplos:
 
O meu amigo Leandro gosta muito de música, é bem mais jovem do que eu (23) e nunca havia ouvido Beatles. Além disto, falava deles com um certo desdém e fazia apologia ao Aerosmith e ao Bon Jovi.

Apesar da vontade de morrer com a comparação, acabei emprestando-lhe o "Magical Mistery Tour", que tinha a música "I am  the walrus", que não só despertou o menino para o "Fab Four", como acabou sendo a escolhida por ele para tema sonoro de seu trabalho de conclusão do curso de computação gráfica.

Hoje sei, que mesmo sem admitir, o Leandro virou mais um fã, pois ouviu toda a discografia  e, ao mesmo tempo, chamou a minha atenção para esta música que nunca figurara entre as minhas favoritas.
 
Outra amiga, pensava que "Hapiness is a warm gun" fosse uma música do U2 até descobrir que era dos Beatles.

Outro dia fui mostrá-la a gravação original que encontra-se no "White Album" e resolvi, depois, ouví-lo novamente com calma. 

Sempre foi dito por todos, inclusive pelo produtor George Martin, que o famoso Album Branco, que é duplo, daria um excelente álbum simples e que algumas canções deveriam ter sido cortadas, isso virou uma "verdade".

Acontece que ouvindo-o melhor agora, vi que não tem nada disso, descobri que ele é bom com força do jeito que é e o seu único problema é ser o sucessor do revolucionário Sgt. Peppers.
 
Quanto a minha amiga, que não conhecia bem os Beatles, ela foi catequizada por mim, durante os preparativos para o show do Morumbi do ano passado.

O mais legal foi que com a overdose de Beatles e de Paul que ela recebeu, uma de suas poucas críticas foi em relação a música "My love", classificada por ela como chata.

Agora imaginem a cena: "Morumbi lotado, céu estrelado, todo mundo cantando junto My Love e lágrimas escorrendo dos olhos da minha amiga." (Vai explicar)
 
Na volta a BH, após o show, o Bernardo (9 anos), aluno da Taísa, perguntou-me, certa manhã, se eu gostava dos Beatles?

Respondi-lhe que muito e lhe devolvi a pergunta?

Ele me disse que havia escutado "Help" na casa de um coleguinha e gostado muito, e mais, que já havia comprado o filme para assistí-lo.

Na hora pensei: "Vai começar tudo de novo".

O Bernardo ainda não sabe, mas vou comprar pra ele, primeiro a Coletânea Vermelha com as músicas da primeira fase (1962 a 1966) e depois a outra Azul (1967 a 1970), o efeito multiplicador disto vocês não podem imaginar.

Serão mais uns 30 anos de Beatles por aí, graças a Deus.
 
Um dia a minha filha chegou em casa, após assistir ao filme "I am Sam" com Sean Pean e me disse de forma categórica: " A música dos Beatles que eu mais gosto não é mais "While my guitar gentle weeps" mas "Across the Universe", eu fiquei assustado com tanta convicção, pois mal sabe ela, eu já mudei de opinião umas 30 vezes em relação a melhor música e umas 5 vezes em relação ao melhor álbum. 
 
O produtor George Martin escreveu em 1977, na contracapa de um álbum ao vivo que preparou à partir de dois shows nos EUA, que durante os trabalhos a sua filha Lucy, então com nove anos, falou com ele a respeito deles: "Você costumava gravá-los, não, papai? "Eles eram tão bons como os Bay City Rollers?" "Provalmente não" ele respondeu na hora, sem pestanejar, pra comentar depois em off: "Um dia ela descobrirá". (Risos)
 
O amigo e eterno assistente da banda Derek Taylor disse no auge da beatlemania, que aquelas canções eram tão fortes e boas, que ainda no ano 2000 seriam apreciadas no mundo. Que cara mais ruim de previsão, vocês não acham?
 
Guardei alguns comentários que recolhi do site UOL após os shows de Maccartney ano passado em SP e lá era dito, justamente, que todos já sabiam em detalhes a sequência das músicas que seriam tocadas, o que seria dito pelo Paul em cada uma delas e no entanto:
 
"A previsibilidade da ordem das canções, não diminuiu em nada o fator surpresa durante as quase três horas de show. Isso porque vídeo, reportagem ou entrevista alguma conseguiriam antecipar a emoção ou reação que só poderiam ser expressadas naquele momento ao vivo".
 
"Como explicar a excitação de uma menina de 10 anos que conseguiu ver Paul cantar sua música preferida, Hey Jude, de cima de um banquinho, que o pai teve que convencer um segurança do evento a deixar entrar. Ou a pura alegria de um senhor, já avô, virar criança de novo ao cantar e bater palmas durante o delicioso refrão “Ho, hey, ho” de Mrs. Vandebilt, outro petardo de Band on the run."
 
"Era marmanjo enxugando os olhos, roqueiro se declarando pra namorada, menina cantando a plenos pulmões como se Paul McCartney estivesse ali só por causa dela. Tal qual um super-homem, ele, aos 68 anos, parecia imbatível."
 
"Não precisa de efeito especial, nem de troca de figurinos, nem pirotecnia, é só ele, a banda, um sistema de som e telões perfeitos." (E as canções mágicas)
 
"Pensando bem, precisar disso tudo não precisava. Paul Maccartney é o maior artista vivo, tem repertório dos sonhos, integrou a melhor banda de todos os tempos e carrega, em sua longa história, mais um monte de etecéteras. Poderia simplesmente deitar em cima de tudo e fazer um show protocolar, pois para as milhares de pessoas no Morumbi, qualquer coisa que ele fizesse seria o melhor. E foi justamente o contrário, daí a importância do show."
 
Ao entrar no Morumbi fui testemunha de um jovem de uns 17 anos em estado de graça dando cambalhotas no gramado e gritando "Eu estou no show de Paul Maccartney", mais tarde o vi aos prantos ao ouvir "Something" e pensei "De onde vem esta paixão?" 'Quem pode explicar isto?"
 
Na história ficaram também fatos marcantes e engraçados como a frase dita pela tia Mimi a Lennon, quando não resistindo mais aos apelos para comprar-lhe uma guitarra disparou: "Eu vou comprar a guitarra, mas você trate de estudar porque nunca ganhará a vida com ela"; ou o diretor da Decca Records que recusou o contrato com os Beatles afirmando que o mundo não aguentava mais conjuntos vocais masculinos e depois saiu feito um louco atrás dos Rolling Stones pra recuperar o prejuízo; ou a sorte do Ringo de virar o baterista no momento da gravação de "Love me do", porque o Pete Best foi recusado pelo produtor.
 
Muitos críticos sempre disseram que eles não resistiriam ao tempo e que só viraram lenda pelo pouca duração da banda. (Quanta idiotice).

Parece coisa de fã dos Rolling Stones que não se conforma com a eterna vice liderança, que permaneceu mesmo após o fim dos Beatles, que mais parecem uma sombra a atazanar a vida das pedras rolantes, dos aviões U2, dos zeppelins de chumbo, dos floyd cor de rosa, da rainha, rems, águias, super vagabundos, estreitos terríveis e todas as outras bandas (AC e DC).                                                                             
 
Decidi não ir ao show Rio, porque ainda estava digerindo a emoção vivida no dia 21/11/2010  no Morumbi, que conforme confidenciou o próprio Maccartney, foi um dos melhores shows da carreira dele, algo inesquecível que viverá comigo pra sempre.

Confesso a minha estupidez e digo que me arrependi amargamente de não ter ido ao começar a ver o show pelo site Terra.

Só espetáculo de Hey Jude com a galera, já teria valido a pena.
 
Espero que Sir Paul ainda volte muitas vezes e que o Ringo e sua "All Star Band" também pintem por aqui.

Afinal sempre haverá plateia para o som dos Beatles, pois a magia deles é contagiante e vai passando de geração a geração como uma lenda, um mantra.

Deus na sua imensa sabedoria e paciência, vai curtindo essa maravilha, onde as mensagens são de amor, paz, compreenção, entendimento.

Ele sabe também que tem todo tempo pra reuní-los novamente, desta vez pra sempre, eternamente.

Obrigado, Paul Maccartney, John Lennon, George Harrison e Ringo Starr. 

quinta-feira, 19 de maio de 2011

Salve a Música - Por Benjamin Collares

Para Don Mclean, autor de "American Pie", imortalizada por Madonna, a música morreu em 03 de fevereiro de 1959, quando um acidente aéreo matou Buddy Holly, Rictchie Valens e J.P. Richardson (Big Booper).

Buddy, o mais famoso dos três, é um dos pioneiros do Rock and Roll (Peggy Sue, That`ll be the day) e estava no auge de uma carreira iniciada há um ano, Richie era sucesso (La bamba, Donna) e Booper era conhecido por Chantilly Lace.

Raul Seixas preferiu dizer que foi o dia em que o Rock bateu as botas pois perdeu, precocemente, três influências importantes.

O fato é que a data ficou conhecida como ´"the day the music died". So bye, bye Miss American Pie....
Desta forma simbólica teremos muitas datas para lamentar a morte da música, com a ida pro andar de cima de muitos genios inesquecíveis.

O bacana é que sempre apareceram novos para renovar e seguir em frente com ela embalando os corações e mentes. 

Sempre convivi com música e não preciso dizer o quanto gosto.

Lembro muito do meu pai, que possuia uma grande discoteca e dos discos sempre tocando na minha casa lá em Caeté .

Todo tipo de música, discos antigos, alguns que nunca mais esqueci. (Ray Conniff, Elizete Cardoso, Germano Mathias, Nat King Cole, Miltinho)

Havia também o rádio, outra fonte de sucessos e de belas canções.

Foi no rádio, não sei mais se em 1964 ou 1965, que fui apresentado à música verdadeiramente, quando chegando em casa do futebol, fui deixar a roupa suja no quarto dos fundos e, de repente ao passar, começou a tocar "Please, Please me" e eu fiquei paralizado, não acreditando no que ouvia, "eram eles."

Apesar de gostar de outras manifestações artísticas, a minha relação com a música sempre foi diferente.

Ela transmite emoção, conforto, paz, é quase uma terapia, digo quase, porque nunca fiz terapia. (risos).

Qualquer desconforto, ansiedade, não tem perdão, é botar uma música das boas e num instante estou revigorado e com o otimismo renovado.

Sou testemunha dos benefícios que a música proporciona às pessoas e de como ela torna a nossa vida melhor.
É uma das mais fortes manifestações humanas e carrega poderes terapeuticos, além de exercer fortes influências em nossa percepção e aprendizado.

Na antiguidade a relação com a música era muito mais forte e não mero entretenimento comercial como é hoje e nós não fazemos idéia dos "poderes musicais", dos quais, só aproveitamos uma pequena parcela.

Vi num livro antigo "Música e Psique - As formas musicais e os estados alterados da consciência" a mais bela definição sobre música: "É um eco do impulso da criação divina".

Sempre fui um "escutador de música", daqueles que sentam pra ouvir um disco e se concentram nele, música a música, curtindo e criticando ao mesmo tempo.

Quando gosto mais de uma, repito-a até me convencer ou não de que ela mereça a chance de entrar no meu ranking das preferidas.

Estas são aquelas que conseguiram chegar à condição de eternas. Que não me canso jamais de ouví-las, sempre com o mesmo prazer e emoção.

Existem outras que resistem algum tempo, mas acabam ficando pelo caminho, mas não deixam de ser boas e ouvidas de quando em vez.

Claro que tenho bandas, cantores e canções preferidos e eles são um prato cheio pra outro artigo, em outra oportunidade.

O fato é que o tempo me tornou mais eclético, flexível e tolerante, e hoje procuro escutar qualquer tipo de música, sem preconceito, apesar de reconhecer que existe uma grande quantidade de lixo musical espalhada por aí. 
De qualquer forma estou mais zen e sou até capaz de apontar as melhores entre as piores.

Como nada é perfeito confesso que escutar Rap, Hip Hop, Axé e Sertanejo Pop, é duro e tenho sempre a sensação iminente (tudo a ver com o Eminen) de ter um infarto.

O fato é que dependendo do momento e situação, da pra se ouvir qualquer tipo de música, variando, é claro e muito, o tempo de escuta entre umas e outras. 

A música é antes de tudo ritmo e está intimamente ligada às batidas do nosso coração, de onde se origina tudo.

Apesar de concordar com a importância do ritmo, o que admiro mesmo é a melodia e acho que ela fala por si e tem importância única.

É claro que quando está combinada com um ritmo legal e uma bela letra, forma algo espetacular.

A letra nem sempre sobrevive sozinha e, ao contrário, pode até deixar de ser percebida se a melodia e o ritmo não forem bons, nem adequados. 

O bom da coisa é que a música não precisa ser rebuscada, nem muito trabalhada e, apesar de existirem belas canções e obras clássicas, acontecem músicas simples e até tolas que acabam funcionando como um grude, voce escuta uma vez, ela gruda, você assimila e, pronto, não sai mais da sua cabeça.


Na verdade o ponto essencial é que a "música" tem que ser boa e ai começa uma discussão eterna.
O que é música boa?

O que é lixo pra mim pode ser luxo pro outro e vice versa.

Tentando conciliar acho que música boa é aquela que fala ao coração, seja em que ritmo for e do jeito que for,  pode ser brega, romântica, acelerada, apaixonada e, vá lá, eletrônica.

Pra chegar ao coração a música tem que emocionar e, ao meu ver, passar algo verdadeiro, positivo, transcendental.

Em outras palavras deixar a gente fora de si ou de mim mesmo. (Risos) 

Eu que sempre fui roqueiro de primeira hora, pirei o cabeção uma vez, quando ouvi a música "Tocando em Frente" de Renato Teixeira e Almir Sater, na voz da Maria Betânia.

Engraçado que nenhum deles figuravam na minha agenda de artistas escutáveis.

Depois disto fiquei fã e acabei até votando nela como a melhor música brasileira do século XX. (Vai explicar).

Como John Lennon disse a respeito de Hey Jude feita pelo Paul, "Tocando em Frente" tem uma letra dos diabos de boa, e uma melodia linda. 

Na realidade, por ser uma das mais fortes expressões do ser humano e fonte de comunicação universal, a música acaba refletindo momentos, situações e o "clima" vivido no mundo em diversas épocas.

Só para exemplificar, o período mais fértil da música brasileira foi durante a ditadura militar, quando a censura e repressão às manifestações de qualquer ordem contribuiram para a criatividade de poetas, escritores compositores e artistas em geral.

Nunca o país produziu tanto culturalmente.

Sou forçado a admitir que as situações difíceis ou de concorrência acirrada entre bons artistas contribuem muito para a criatividade.

Ao contrário, quando a situação é de baixa produção/qualidade o que se vê é uma inversão de valores e a mediocridade tomando conta geral, que nem hoje. 

Desta forma a música tem uma influência e ao mesmo tempo faz uma leitura sobre a vida e a realidade dos povos e acompanha e influencia a caminhada do homem na terra. 

Se isto for realmente verdade, é preocupante a conclusão de uma pesquisa realizada pela Universidade do Kentucky nos EUA, que através de psicólogos, analisou as letras das canções que estiveram no hit parade americano entre 1980 e 2007.

Ela constata uma crescente tendência ao narcisismo e a hostilidade.

As palavras "eu", "me" e "mim" aparecem com mais frequência junto a palavras relacionadas a raiva no último período, ao mesmo tempo, em que fica claro a queda no uso de "nós" e de expressões de emoções positivas.
Fica patente que a música de hoje fala menos de amor e mais de ódio e morte.

Comparando as realidades, as músicas dos anos 80 mostram que o amor era mais fácil e positivo e as músicas atuais retratam o desapontamento das pessoas por não conseguirem alcançar o que desejam.

Claro que não há fundamentação científica neste tipo de pesquisa, mas ela não deixa de ser um indicativo e algo a nos fazer pensar.

Será que até a música está pedindo socorro pela situação que vivemos?

Esta tendência verificada na inversão de papéis entre a melodia e a letra, com a última passando a ser mais realçada e a outra ficando relegada a um papel secundário, não será um sinal?

Afinal, as músicas atuais estão sendo, cada vez mais faladas do que cantadas, algumas até berradas, e os temas, na maioria das vezes, são sempre negativos.

O que sobressai é rancor, mal gosto e grossura.

Quem ainda está fazendo ou tentando fazer melodias de fato são compositores com 50, 40, 30 ou 20 anos de carreira, que ainda estão na estrada.

Eu como bom apreciador de melodias vejo que as boas canções estão ficando cada vez mais raras e dificeis, ou então, confesso, estou ficando velho e não entendo mais nada.

Pra mim não faz diferença, pois terei a sabedoria de recolher-me à minha feliz insignificância e vou curtir, sozinho e com quem quiser, os meus artistas preferidos e, desculpem o mal jeito, azar de quem não for da minha turma.
Mas falando sério e sendo sincero, ando preocupado com a situação.

Afinal o que está acontecendo com o mundo musical?

Falta inspiração? A situação está tão brava assim? Perdemos o dom? A beleza e a elegância foram pro saco? O tempo está menor? O que interessa é só afirmação e status? Acabou o senso crítico? Tudo tem que ser sempre rapidinho? Perdemos a capacidade de emocionar? Será que trilha sonora prejudica o desempenho? Música é só baticum? Desistimos de sonhar e de ter esperança? Ou o mundo despirocou de vez?

Amigos, na verdade, não gostaria de fazer mais perguntas, mas de ter as respostas e positivas.

Mas não tem jeito.

Será que o 03 de fevereiro de 1959 vai virar verdade?

Será que Don Maclean tinha razão?

Será o benedito ou o expedito?

PQP! A MÚSICA TAMBÉM TÁ MORRENDO?

Minha Nossa Senhora do Perpétuo Socorro não deixe isto acontecer.

Help!

Let the music play.

Forever. 

segunda-feira, 9 de maio de 2011

DE VOLTA PARA UM FUTURO MELHOR


Há pouco tempo pedi para pararem o mundo que eu queria descer.
Estava injuriado com o que o presente estava me dando de presente e bateu uma grande vontade de voltar para o passado.
Os motivos? A forte pressão da vida moderna sobre todos, num mundo que perdeu a noção de tempo e espaço. (Tudo é pra ontem).
Um lugar onde foi prometido uma vida melhor graças aos avanços da tecnologia, mas, na prática, o que é oferecido, com força e com efeito, é muito stress e dor de cabeça. ( Ainda bem que existem o Doril e D. Neosa.) 
Os malefícios superam com folga os benefícos graças a constante e histórica estupidez humana na hora de tomar decisões.
Assim em vez de mais tempo livre para criar e desfrutar a vida, temos cada vez mais pressão para vivê-la.
O pior de tudo é que não é dado opção de escolha, todos estão na mesma canoa furada. ( Se a canoa não virar, olê, olê, olá, ...).
Claro que a culpa não é da tecnologia, pois ela é importante e fundamenta o nosso propósito de vida de sempre melhorar e surpreender. 
O problema é que erraram a mão e fizeram do processo algo insuportável.
Na verdade estão excluindo gradativamente o prazer da vida das pessoas.
Ao mesmo tempo cobram de todos uma felicidade artificial como se tudo estivesse sempre ótimo.
Existe a presunção de que seja possível separar a razão da emoção, e transformar pessoas em máquinas mais eficientes do que o que esta sendo criado pela tecnologia.
Esta em vez de acessório se transformou em parâmetro para medir o desempenho das pessoas.
O resultado? Todos estamos vendo e vivendo, "sufoco".  
Dai a minha vontade de ir para o passado, talvez pela sensação de que antes havia sossego e "mais tempo" para respirar e refletir.
Pode ser também uma necessidade de fuga para não querer enfrentar o que nos espera no futuro se nada for feito. (Bater 3 vezes na madeira).
O passado deve servir de referência para todos, principalmente  para que não sejam repetidos erros e experiências ruins. (Parece que não aprendem).
Além disto, é uma fonte inesgotável de lembranças, aprendizados e emoções eternas. (Bons tempos que não voltam mais).
Devemos conviver com ele como um bom livro, a que,de vez em quando, precisamos recorrer. (As lutas que perdi, estas sim, eu nunca esqueci!).
No entanto, o nosso compromisso é com o futuro e, se possível, com um mundo melhor .
Dai não adianta nada querer voltar ao passado, pois em certo sentido ele já era e não pode ser mudado.
Desta foma, decidi voltar e recomeçar uma longa e difícil caminhada contra esse "status quo" ridículo em que nos metemos.
Sei lá, uma campanha contra a estupidez dominante (PPI - Programa de Prevenção de Idiotas), ou um movimento "Abaixo a ditadura do eu que sei e mais ninguém".
Uma corrente favorável ao fato de que "Somos falíveis e podemos errar", ou uma passeata a favor do "A pressa é inimiga da perfeição" e, sendo muito radical,a volta do movimento "Quem espera sempre alcança". (Inspiração Baiana, axé).
Uma confraternzação pelo "Muita calma nessa hora" ou "Juntos Venceremos, Sozinhos "Sifudemos".  
O fato é que precisamos resolver esta parada já ou iremos para o beleléu.
Não será fácil demover as pessoas dessas crenças e valores modernos, assumidos de forma tão avassaladora, nem mostrar que esta busca de eficiência sobrehumana está tirando a saúde de todos e destruindo o planeta aos poucos.
Estamos globalizados, a comunicação é constante e rápida e, no entanto, as pessoas nunca estiveram tão fechadas e egoístas e, consequentemente, muito solitárias. (Ah look at all the lonely people!)
Todos falam em integração, em redes sociais, mas a prática mostra um individualismo extremo, ou o "antes nudez do que no nosso", como diz o mineirinho.
A comunicação é maior, mas mais virtual do que real, e as pessoas acabam se encontrando mais no ambiente de trabalho.
Este desequilibrio está interferindo negativamente nas relações humanas, gerando falta de paciência e atritos.
Todos querem e cobram rapidez e eficiência da mesma forma como quando se comunicam via web, e sabemos muito bem, que no real, o buraco é mais embaixo e a perfeição "demonstrada" na internet está longe de ser a verdadeira.
Assim o diálogo e o entendimento estão ficando cada vez mais difíceis, pois ninguem quer abrir mão de seu interesse, opinião e posição.
O resultados desta confusão é uma competição sem sentido na qual uns tentam mostrar que são sempre melhores que os outros, em qualquer assunto e por qualquer motivo, e, mesmo quando não é verdade, recorrem ao marketing para provar que sim. 
A vaidade, misturada a incerteza, insegurança e o medo de perder status, estão levando as cobranças e tomadas de decisões a níveis extremos e, na maioria das vezes, ridículos.
Todos devem participar diariamente de reuniões sem sentido, onde se discute a importância do desnecessário e a inutilidade do óbvio nas decisões. (Tudo é complexo ou tem complexo).
Daí resultam, quase sempre, ações paliativas ou totalmente inúteis, com prejuízos financeiros e perda de tempo e esforço, mas recheadas de marketing mostrando que são fundamentais para todos.
Na verdade o mundo está empurrando com a barriga uma série de decisões parecendo acreditar que tudo se resolverá com o tempo.
O que fazer?
Talvez, o primeiro passo seja uma tentativa de reencontro com o bom senso e o equilibrio perdidos. 
Isto requer um grande esforço no sentido de recuperar valores importantes que estão deixados de lado como a humildade, a generosidade e a solidariedade, e, também uma tentativa de reequilibrar o peso das coisas materiais e espirituais. (O material teve um efeito fenômeno e engordou muito ultimamente).
Tá na hora de abadonar o "cada um por si e eu primeiro" e escolher o meio termo e o consenso como referências novamente.
Será preciso reaprender a conviver com a democracia, pois ultimamente o que vemos é uma "democracia imposta de cima pra baixo", onde o eleito se acha no direito de tomar as decisões por si e em nome de todos, sob o argumento de ter sido o vencedor, em eleições em que o candidato é fabricado pelo marketing pra ganhar e só depois se mostra de fato.
Na democracia não pode haver nada imposto e todos devem ser tratados de forma igual, mesmo os que perdem.
Ela presupõe diálogo, espírito aberto, transparência e aceitação das diferenças, sempre com o foco de que o resultado atenda ao bem comum.
Será importante reaprender a conversar, a respeitar as regras estabelecidas e fortalecer os fóruns de decisões.
Hoje, os organismos internacionais que congregam as nações estão enfraquecidos e sem voz ativa.
Os políticos, representantes do povo, perderam a vergonha na cara.
A ética deixou de ter importância e prevalece a tese de que os fins justificam os meios.
Nunca se falou tanto em responsabilidade social e na proteção ao meio ambiente e os níveis de poluição foram tão altos e os povos tão sofridos.
Todos têm consciência do que precisa ser feito, mas fingem que não vêem ou deixam a bola passar pra outro.
Na realidade vivemos uma grave crise que abrange todos os níveis, desde o indivíduo que se encontra perdido e pressionado, passando pela família capengando, pela comunidade cheia de problemas, pelo Estado crítico, o País sem dono e o Mundo Cão; tudo assim meio sem rumo definido.
Os problemas individuais e a forma como pensam as pessoas refletem, cada vez mais, no geral e em todos os outros níveis. (Precisamos cuidar das pessoas mesmo).
Desta forma, temos uma situação séria onde os problemas são conhecidos e as soluções factíveis, mas vão requerer coragem, muito esforço, boa vontade, crença e esperança.
Resta saber se estamos dispostos a agir e se ainda dará tempo.
A vida, se tem algum sentido, é o da continuidade, quando os presentes cuidam e abrem mão em favor dos próximos.