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terça-feira, 20 de setembro de 2011

Protestos contra a corrupção 

marcam o feriado de 7 de setembro




É engraçado como pouco foi mostrado na TV!

segunda-feira, 19 de setembro de 2011

PLANETA REDONDO - Por Guilherme Naves


Estamos vivendo um momento estranho. O mundo está estranho. Todos os dias nos deparamos com notícias cada vez mais surpreendentes. Em todos os setores, seja no âmbito dos negócios ou na esfera do lazer. São notícias tristes e notícias boas, porém, todas estranhas. Ao mesmo tempo em que evoluímos na medicina e melhoramos as condições de vida da humanidade, assistimos anúncios de guerra e surtos psicóticos seguidos de morte. Todos os anos são lançados no mercado dispositivos cada vez mais avançados para uma comunicação global, porém, esta comunicação nem sempre se mostra tão próxima. Diariamente, notícias de corrupção sem solução em um país que não para de crescer, enquanto aqueles que são livres do mesmo mal indo por água abaixo. São ações que não se batem. O que será que está causando tudo isso?

Se voltarmos no tempo, veremos que muita coisa também não batia. Há muito pouco tempo, as crianças jogavam bola nas ruas, as casas não tinham muros e empresas de alarmes ainda não existiam, que “paz”! Porém, esta concepção não é tão verdadeira. Quem dormia no berço da política, hoje mal sucedida pelo histórico triste, era ninado ao som de pequenas guerras e somente acordava para descarregar suas necessidades básicas nos cidadãos brasileiros. Por outro lado, os pais das crianças, ou se calavam ou enfrentavam os batalhões. Ainda por estas datas próximas, em outro país não tão distante, guerra de um lado e paz, amor, sexo, drogas e rock n’ roll do outro. Duas ações que também não se batiam. Sem dúvida, a sensação de “algo estranho no ar” devia pairar sobre as cabeças dos praticantes de qualquer um desses atos.

Voltemos um pouco mais no tempo. Um planeta nas mãos de um soldadinho de chumbo, com direito a bigodinho e ataques histéricos. Jovens se atracando como loucos enquanto o soldadinho de chumbo alimentava sua nação, que o idolatrava, com conceitos estéticos e preconceitos simplórios. E “num é” que o mundo inteiro, governantes poderosos, nações sólidas e ricas encontraram motivos, entraram de cabeça nesta babaquice e causaram a maior das badernas já realizadas no planeta? Os japoneses que nos digam, devem ter achando bem estranho!

E a primeira língua Brasileira? “Que dó, que dó” não deve ter tido muito que fazer naquela época. Os criadores do tupi-guarani foram dilacerados por um grande desbravador dos mares que não perdeu tempo. Quando encontrou aquele povo rico em cultura e pobre em bens materiais foi logo pegando o que interessava e acabando com tudo que não lhe era “útil”. Pegou mulheres e pedras e dizimou cultura e paz. Ah, já ia me esquecendo, junto a esta cultura lá se foi e primeira língua original brasileira. Não vamos chamar de estranho tal atitude, afinal ele tinha seus motivos políticos e comerciais, aqui podemos falar esquisito.  Opa! Mas fazer dos homens animais, da força física trabalho escravo! É, vamos voltar para o estranho! Ou melhor! Muito esquisito e extremamente estranho!

Daí, podemos estender, relatando sem muito cronograma temporal, aos absurdos impostos por anos e anos pela grande e poderosa igreja católica que apedrejava “bruxas” e assassinava pensadores. Aos incapacitados que perseguiram e crucificaram nosso eterno Jesus Cristo. Ao escravismo africano que mais tarde se tornou racismo até se apresentar Nelson Mandela. As condições cubanas com nosso famoso Chê. E todas as barbáries que hoje estão impressas, nem sempre de forma realista, nos livros colegiais que educam nossas crianças e adolescentes.

Tudo isso foi bem estranho não acham?

Bom, você deve estar se perguntando o porquê desta sessão retro que me dispus a fazer. É que às vezes, quando reflito sobre o mundo hoje, me pergunto se estamos evoluindo ou regredindo. Assim, coloco-me no lugar das pessoas que viveram estas épocas e me encontro em situações parecidas, porém, com características diferentes. Hoje, o estranho se apresenta em forma de desafio. Nossa geração vive um momento em que muitas atitudes já foram tomadas, muitos tabus já foram quebrados e muitas histórias já foram contadas. Temos o privilégio de comparar épocas. Temos o privilégio de estudá-las e saber que não podemos cometer os mesmos erros. Porém, outros erros hão de vir. Outros preconceitos deverão ser quebrados. E assim construímos o planeta. Consertando erros e procurando acertos. Na construção deste mundo não existe prevenção, o que se faz é remediar. Não estaríamos sofrendo com poluição se os antigos já não tivessem errado, portanto, não culpemos somente nossa geração. E o motivo deste “erra-conserta-erra-conserta” é simples. O ser humano é capaz de viver em anarquia? A resposta obvia seria não. Mas nós vivemos em uma. Em uma família existe uma hierarquia, uma comissão organizadora. Assim como um condomínio, um bairro, uma classe trabalhadora, uma cidade, um estado, um país. Mas e o planeta? Está nas mãos de quem? Não vamos culpar Deus, pois ele não irá se manifestar, portanto não teremos resposta. Vamos falar de matéria, de atitudes. O fato é: Não existe uma organização que olhe para o conjunto social mais complexo já conhecido pela humanidade como um todo e que tome atitudes preventivas, e sim varias organizações confusas e pessoas fazendo o que bem querem de suas vidas, e com todo direito.
O planeta está nas mãos de todos. Ele é construído com tijolos individuais e todos nós trabalhamos nesta grande obra todos os dias. Não há preconceito que impeça, não há classe excluída e nem alguém que imponha se você pode ou não participar. Basta estar vivo para ser trabalhador do mundo. Se você respira, de alguma forma contribui com um tijolo a mais, seja ele bem ou mal colocado e ninguém está ali para te regular.

A anarquia é isso e existe desde que o mundo é mundo. E existirá até o seu fim.
Porém, se compararmos as épocas, eu digo com muita certeza que não estamos além dos limites já verificados. Prefiro conviver com terroristas fundamentalistas a ser contemporâneo do soldadinho de chumbo. Prefiro lidar com a corrupção a ser perseguido pelo governo por escrever este texto. Prefiro ser infinitamente mais cobrado pela velocidade da informação a ser obrigado a fazer aquilo que não gosto. Isso porque, se refletirmos a fundo, perceberemos que há tempos existem terroristas fundamentalistas, sempre existiu corrupção e, como não poderia deixar de ser, a chegada da TV, a revolução industrial e outros momentos parecidos revolucionaram e transformaram, claro que em proporções diferentes, a forma de trabalho e a cobrança física e intelectual daqueles que faziam a época. 

As preocupações são diferentes, os desafios são fortes e difíceis, mas tudo que nos desafia hoje são vestígios do passado ou necessidades de futuro que interferem de alguma forma no contexto geral.  Temos que nos adequar e fazer valer a vida. Temos que aprender a viver com sabedoria perante a anarquia global. As opções de lazer são grandes, as belezas do planeta ainda estão vivas e prontas para nos receber. As culturas estão mais próximas, as condições para vivenciá-las também. Penso que nossa felicidade diária hoje, é uma grande recompensa de nossos deveres como cidadãos de bem. É a nova lei, faça o bem e receba o bem, pois fazendo mal, o mundo não suportará, além de trazer um triste fim individual. Se a característica hoje é esta, já estou pronto para viver o imenso mundo contemporâneo. Se estiver errado, terei que remediar mais tarde.

Finalizo este texto com uma bela passagem de Charles Chaplin:

“A vida é uma peça de teatro que não permite ensaios. Por isso, cante, chore, dance, ria e viva intensamente, antes que a cortina se feche e a peça termine sem aplausos.”