Assim se levarmos a fundo esta definição veremos que não há
porque classificar qualquer indivíduo como malandro ou vagabundo, pois se
existem situações em que é melhor ficar calado, é claro que também existirão
aquelas em é melhor não se fazer nada, especialidade desses indivíduos citados.
No meu caso, devo confessar que, nesse período, realizei
muito mais trabalhos intelectuais do que físicos, claro que num conceito bem
amplo de intelectualidade e bastante restrito de físico.
Mas este não é o ponto que desejo enfocar. Acontece que o
meu novo empregador solicitou-me a abertura de uma conta no Banco do Brasil.
Pra mim foi algo inédito, uma vez que pelo meu “espírito” desconfiado de mineiro,
sempre relutei em ter conta no BB. A
minha teoria, não compartilhada com
ninguém até hoje, é de que nascer no Brasil foi destino; e, depois de tanto
tempo, posso afirmar que não dá pra reclamar, apesar da parte” ruim” me deixar,
muitas vezes, completamente injuriado e perplexo, mesmo já estando na fase da
maturidade(rs); agora escolher um banco
de nome Brasil para cuidar de minhas finanças
é ser doido varrido, querer viver
perigosamente ou gostar de emoções fortes.
Na prática, apesar de poucas, as minhas experiências nunca
foram boas com o BB, tendo é claro que se dar o desconto da minha prevenção
natural.
Entusiasmado e com o espírito aberto encaminhei-me para a
agência do meu bairro e entrei na fila pra pegar uma senha. A primeira situação
que me chamou a atenção foi o fato de uma pessoa do banco estar ao lado da
“maquina” de senha para distribuí-las. A princípio pensei que fosse um defeito
no equipamento, depois vi que, na realidade, havia situações para pegar a senha
e outras não.
A abertura de conta,
por exemplo, não era o caso de senha. Fui orientado a tirar cópia de todos os
documentos e depois, voltar ao banco para entregá-las à recepcionista, que ficava
em uma mesa ao lado da máquina de senha. Percebi que a realidade da fila
permanecia a mesma, só que com a sofisticação de, agora, se ter fila com e sem
senha. (Que som estranho).
A princípio me senti em posição desconfortável por não ter
conseguido uma senha. Pra mim significava algo ruim, o que comprovei mais
tarde. No meu pensamento, o fato de não possuí-la, me colocava de fora de uma
espécie de “cliente vip que vai enfrentar filas” o que prenunciava mais
complicações.
Fiz as cópias dos documentos numa banca de revista próxima e
voltei ao banco para enfrentar a fila dos sem senhas. Depois de algum tempo
consegui ser atendido, entreguei as cópias e expliquei o motivo para a abertura
de uma conta. A recepcionista, muito simpática, me explicou, que pelos
procedimentos do BB, ela deveria recolher os meus documentos e agendar uma data
para eu retornar para finalizar o processo.
A minha surpresa foi que a data escolhida foi de 5 dias à
frente e quando mencionei a necessidade de ter um número de conta pra informar
ao meu empregador, ela me concedeu um desconto, reduzindo o prazo para 4 dias.
(Ô Loko meu ou viva o BB).
Sem mais para o momento, me retirei da agência meio aéreo,
sem entender direito, não acreditando, sem forças pra protestar pelo fato de que
em pleno século 21 e na era da informática ter que gastar quase uma semana só
para ter uma conta bancária aberta.
As justificativas que pensei para não explodir foram: 1) o
BB, por ser o todo poderoso BB, pode se dar ao luxo de “escolher” os seus
clientes, 2) o BB, por carregar nas costas esse nome, precisa : burocratizar,
irritar, encher o saco, complicar,
dificultar e sacanear a vida dos atuais e futuros clientes, só pelo prazer de
fazer isto ou pra preservar a cultura do país e, 3) apenas pra confirmar tudo
que eu sempre imaginei dele: “O BANCO
QUE É A CARA DO BRASIL”.
Como sempre há males que vem pra bem, o prazo exagerado dado
ou pedido pelo BB deu tempo para que ocorressem mudanças de planos e que eu,
graças a Deus, não precisasse mais abrir a conta no BB (Brigite Bardot) e
pudesse utilizar a minha conta bancária “normal” de outro banco.
Vocês estão imaginando que a história termina aqui com um
final feliz por um lado e infeliz por outro? Não, tem mais pela frente.
Uns 10 dias depois voltei ao BB pra buscar as cópias dos
meus documentos entregues por antecipação, já que não precisaria mais abrir a
conta. O que vocês imaginam que aconteceu?
A conta já estava aberta? Eu ganhei um premio especial por
estar na fila certa, na hora certa e sem senha? Os documentos foram enviados de
volta à minha residência, pois não compareci na data certa previamente
agendada? O BB meu deu uma premio especial por ter sido o cliente número
xxxxxxxx? Vocês acreditam que Papai Noel existe, só que a roupa que ele usa é
preta e branca em homenagem ao Galo que entrega jogo de presente de natal ao
maior adversário?
Ao dirigir-me à mesma
recepcionista que me atendeu anteriormente e explicar-lhe a situação, fui
orientado a entrar na agência propriamente dita e procurar o funcionário X da
primeira mesa à direita. Para isto passei pela porta giratória, aquela que
sempre barra toda mulher que estiver portando uma bolsa nos ombros. (Não é
verdade?).
Expliquei novamente a situação ao
funcionário x, que no primeiro momento tentou me voltar pra recepcionista, mas
depois resolveu agir. Primeiro procurou nas pastas de propostas de abertura de
contas em sua mesa e não encontrando foi ao andar superior onde funciona o
atendimento agendado.
Dez minutos depois ele voltou, fez
uma ligação telefônica e procurou novamente nas pastas em sua mesa. Por fim,
sem solução, me disse que, provavelmente os meus documentos se encontravam no
posto de atendimento do banco localizado ao lado da agência, perto do sacolão.
Disse também que havia ligado para o posto e que os documentos não haviam sido
localizados lá, mas que, provavelmente, estariam lá e que eu procurasse a
funcionária y, que era chefe do posto. Sinceramente, da pra entender uma
situação dessas?
Mais uma vez sai da agência um
pouco aéreo, sem entender direito, não acreditando no que havia acontecido.
Não procurei posto nenhum, nem fiz
sacolão. Fui pra casa intrigado e com a pergunta na cabeça que queria fazer ao
funcionário x e deixei pra lá. Se eu entreguei os documentos na agência que
escolhi, porque é que eles foram parar supostamente no posto perto do sacolão?
Será que o BB possui um departamento de classificação de abertura de contas em
que algumas são escolhidas para serem abertas pelo posto perto do sacolão? Será
que são as sem senhas? Ou é feito um sorteio das contas classificadas para a
agência e para o posto? Ou será que as contas consideradas abacaxis ou pepinos
contam com a colaboração dos funcionários do sacolão na avaliação final?
Não me interessa mais as
respostas. Sei que no Brasil, na maior parte das vezes, elas quase sempre não
esclarecem, apenas dissimulam, enganam e fingem responder mudando completamente
o rumo da prosa. Afinal estamos no Brasil e assim também sempre será o Banco do
Brasil.
Aprendi a viver no meu país e a
conviver com as situações. Na maioria das vezes não é pra se levar a sério o
que se diz, o que é noticiado, nem o que é alardeado como feito. Só o tempo pra
ensinar como se faz esta decodificação. Claro que muitas vezes você se engana
com uma situação, pessoa, associação, partido político, etc, mas rapidamente tudo é reprocessado e você
passa a ter novos parâmetros de avaliação.
Não me iludo mais, nem tenho a
pretensão de ver o Brasil finalmente deixar de ser o país do futuro e se tornar
realidade. Pra ser otimista espero que a geração dos meus netos possa conseguir
este feito, apesar de achar uma missão quase impossível em razão da situação atual
e vejam vocês que meus netos ainda nem nasceram. (rs)
Um exemplo de situação vivida por
mim recentemente foi um processo judicial com a empresa de telefonia OI (pelo
nome já da pra se avaliar). Não interessa aqui o que aconteceu, talvez em outro
artigo, mas durante todo o processo a empresa utilizou de vários expedientes para
vencê-lo na pressão. Envia seu nome pro Serasa indevidamente, depois encaminha
propostas com descontos de 50% pra saldar a dívida que você está tentando
provar que não é sua e dificulta ao máximo qualquer contato ou acordo. Nesta
situação a persistência é tudo, pois você está com a razão e, claro, precisa de
um advogado. Foram quase 3 anos pra ver a dívida ser reduzida pela justiça a
menos de 10% do valor cobrado e a empresa ainda pagar uma multa de 4 vezes o
valor cobrado inicialmente. Este é o nosso País. As empresas agem assim, porque
a justiça é lenta e a maioria das pessoas não tem paciência para esperar e
acabam concordando com um bom desconto numa dívida que não é delas.
Por estas e outras, que o Brasil não
é pra ser levado tanto a sério, tudo tem de ser a meia boca, na média, a meia
luz (rs). Praticar o bom humor e ter paciência são qualidades essenciais para
se viver e entender o espírito e o jeito brasileiro de ser. .
Por isto em vez de me preocupar
com OI ou BB, e também pra escrachar de vez, não vejo a hora de começar o BBB
12 em janeiro de 2012 (que coisa mais deprimente) e, porque não, de chegar a copa
do mundo de 2014 pra ver como será.
É MUITA EMOÇÃO NA SUA TELEVISÃO.
BRASSSSSIIIILLLLL.
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