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terça-feira, 14 de fevereiro de 2012

TROCANDO O DUVIDOSO PELO CERTO. SONHO OU DESTINO? - Por Benjamin Collares


Olavo Leite Kafunga Bastos foi o maior goleiro da história do Clube Atlético Mineiro e o atleta que mais vestiu a camisa do clube, jogando no galo durante 20 anos, de 1935 a 1955.

Após encerrar a carreira se tornou comentarista esportivo e vereador em BH. Folclórico e engraçado criou expressões que ficaram na história do futebol e até hoje são repetidas e comentadas por aqueles que gostam do esporte: “não tem coré coré”, “cabeça de bagre”, “vapt vupt”, “gol barra limpa e gol barra suja”, “despingolar”, “tá no filó”; e quando queria mostrar que algo era muito velho dizia: “Isto é de mil novecentos e Kafunga”. Faleceu em 1991 e se tornou uma lenda do esporte mineiro.

A frase mais famosa do repertório de Kafunga foi dita em relação às coisas inexplicáveis e inacreditáveis que aconteciam e ainda continuam a acontecer em nosso país. Sabiamente, ao comentá-las, ele dizia: “No Brasil o errado é que está certo”.

Impressionante como ao longo da história, em diversas áreas e situações, das coisas mais simples às mais complexas, no individual e no coletivo, de qualquer forma e jeito, sempre que avaliamos o Brasil, acabamos confirmando a veracidade deste dito; descontando-se os poucos momentos de lucidez e acertos, que servem, justamente, para desmentir a regra e mostrar que, quando queremos, sabemos fazer direito.
No entanto, no geral, é impensável a forma como se resolvem as coisas neste país. Parece que fomos impregnados por um ranço cultural que nos leva sempre a complicar e a percorrer o caminho mais difícil. Com isto, deixamos passar grandes oportunidades de tornarmos protagonistas no mundo.

Virou rotina se dizer que o Brasil é assim mesmo, que não tem jeito, que pior do que tá não fica ou que aqui tudo é complicado. Isto, em parte, é verdade, mas demonstra um estado de conformação com a situação, que não combina com as nossas possibilidades e prognósticos.

Existem todas as condições, se quisermos, do Brasil deixar de dormir eternamente em berço esplêndido, de ser o eterno país do futuro e passar a perseguir com maior determinação o “até que enfim conseguimos” ao invés de ficar indefinidamente no “até quando”.

Talvez a idealização e implantação do Plano Real tenha sido o último grande momento de lucidez colocado em prática neste país, pois com competência e coragem foi enfrentado um problema de mais de 40 anos de inflação, que destruiu o poder de compra da população e, com o advento da correção monetária, contribuiu para um injusto e desigual quadro de distribuição de renda. A atitude tomada na época demonstrou maturidade e sabedoria para se buscar a solução óbvia e correta para solucionar o problema; abandonando de vez as estratégias mirabolantes, que se baseavam sempre na nossa falsa presunção de ser um povo diferente e mais esperto do que os outros.   

Por outro lado e infelizmente, a nossa vertente indolente e irresponsável acaba sobrepondo-se na maior parte das vezes: nos planos e políticas educacionais que nunca resolvem o problema e só atrasam o país; na eterna enrolação de que saúde e segurança são prioridades, mas nunca recebem as devidas contrapartidas financeiras, nem ações efetivas para melhorá-los; na justiça confusa e lenta, pelas nossas características de arrastar indefinidamente os problemas para instâncias superiores, procurando adiar ao máximo qualquer decisão; na exagerada maneira de vermos os nossos direitos de forma inversamente proporcional aos nossos deveres.

Na legislação complexa, que quase sempre já apresenta as leis com suas brechas e lacunas pra serem contestadas e dribladas; na convenção de que toda verba pública liberada precisa ter percentual de participação alheio; na legislação trabalhista que inibe a geração de empregos e incentiva a informalidade; na estrutura tributária que encarece a vida dos cidadãos; na falta de planejamento, que impossibilita trilharmos o caminho mais seguro, deixando-nos sempre pendurados em atalhos emergenciais e aos trancos e barrancos.

De acreditar que para se resolver qualquer problema, basta criar uma lei, um ministério ou uma secretaria sobre o assunto; no erro de se criar exceções às regras pra tudo, o que sempre encarece mais as coisas, pois no intuito de beneficiar idosos, estudantes, mulheres, policiais, pessoas de baixa renda, pessoas com necessidades especiais, etc, não pelo objetivo em si, que em muitas situações é louvável, acaba fazendo graça com o chapéu alheio, já que os custos pelas benesses oferecidas ficam sob a responsabilidade de quem oferta o serviço e não do governo; na criação, sem sentido, de novos municípios e estados, proliferando câmaras de vereadores, prefeituras, comarcas e por ai vai, que só geram custos e nenhum benefício; na ideologia idiota de que o Estado pode e deve fazer tudo e na insistência imbecil, apesar das evidências práticas, de que estatizar é melhor do que privatizar.

Como consequência, assistimos: a proliferação da pirataria generalizada, de inúmeras leis que não são cumpridas; de outras leis espertas que servem apenas para justificar e legalizar atitudes antiéticas; uma perigosa flexibilização da ética e dos bons costumes; a monetização das “boas intenções”; a desmoralização dos poderes constituídos, a degradação das instituições representativas da sociedade; o exagerado aumento da boca e da botija e o rebaixamento dos padrões morais.

Poderíamos continuar a listar indefinidamente a série de besteiras que assolam o país, mas pra relaxar, citaremos mais alguns inacreditáveis: como de uma operadora de telefonia que ao receber uma ligação de um parente de um cliente que havia falecido, procurando cancelar a linha telefônica dele, teve como resposta da atendente, que só o titular da conta poderia fazê-lo; outro, da justiça paulista que condenou um morador de rua à prisão domiciliar; a decisão recente, de que o crime da saidinha de banco passa a ser responsabilidade do banco e não do Estado, que é o responsável pela segurança pública; na lei da palmada, que proibiu aquilo que a maioria dos que a aprovaram mereciam, pra tomar jeito; em outra empresa de telefonia que ao cadastrar a informação de um roubo de celular e a solicitação de bloqueio da linha, informou ao cliente que o número do protocolo de atendimento seria enviado para o número do celular; a recente entrevista de uma funkeira a Luciana Gimenez, afirmando que no Brasil existe muito preconceito contra o racismo e o pitoresco caso do vereador que gastou grande parte de sua verba de representação no buffet da madrasta.      

A repetição destes desatinos e a alienação da maior parte da população, permitiu o estabelecimento de uma situação curiosa no país: o governo e o povo foram se distanciando e transformaram-se em duas entidades distintas e independentes, chegando mesmo, em algumas situações, a se tornarem antagônicas. Tanto que passou a ser comum um tratar mal o outro e o outro falar mal do um. Cargo eletivo virou emprego e todos os eleitos se acham no direito de reivindicar direitos como um trabalhador comum. Política virou meio de vida.

Assim, temos a curiosa situação da sociedade pagar cada vez mais impostos e taxas ao governo, para que este consiga cobrir os seus gastos e equilibrar as suas contas, sem que ela, (a sociedade), que é responsável pela eleição do “governo”, receba as devidas e merecidas contrapartidas em produtos e serviços de qualidade. Esta situação, de tanto se repetir, acabou virando fato comum e, depois, a regra. Assim os papéis foram definitivamente invertidos e o governo passou a ser o foco de atenção no lugar da população. Aquele que deveria ser o provedor e facilitador das coisas se tornou um pesado e caro fardo para a sociedade.

Os governos (federal, estaduais e municipais) se transformaram em monstros arrecadadores e em um saco sem fundo pra gastar dinheiro inutilmente, já que a maior parte dos recursos é destinada à manutenção da estrutura governamental e só a menor parte é que é aplicada no atendimento das demandas da sociedade, principalmente, saúde, educação, segurança, moradia e infra-estrutura. Nesta situação ridícula, fica parecendo que o que é público é o governo e não o povo.

Pra piorar a situação, com o passar do tempo, a máquina pública só aumenta de tamanho e fica cada vez mais ineficiente, conseguindo a proeza de não atender a contento a população e também não remunerar adequadamente a maioria de seus servidores. Estes insatisfeitos acabam piorando a qualidade do atendimento ao público. Alguém já parou pra pensar na insanidade desta situação?
As crises emergenciais que o país enfrenta com chuvas, queimadas, seca, etc, oriundas da falta de planejamento e investimentos públicos eficientes, são um exemplo claro desta realidade mórbida, pois, ano a ano, vai aumentando e acumulando o passivo de obras necessárias que deveriam ter sido feitas pelo Governo, que sem recursos suficientes, apenas cumpre tabela de mero executor de gambiarras e improvisos, que só maquiam a situação e postergam as soluções definitivas. Literalmente o país passou a viver de apagar incêndios, sem qualquer condição de agir preventivamente.

O interessante é que no discurso todos sabem o que é melhor e o que deve ser feito, mas a prática mostra a eterna natureza tupiniquim de empurrar com a barriga e deixar o ônus para o próximo.

Não se concebe mais, em pleno século 21, o país tentar ser bem administrado com 38 ministérios, trocentas assembléias legislativas, dutrocentas secretarias estaduais e municipais e putrocentas câmaras municipais, todas com um número exagerado de representantes, assessores e funcionários, que são administrados por políticos indicados pelos partidos aliados, que desconsideram qualquer critério de competência técnica na escolha de seus representantes, que só pensam em seus umbigos e proventos .  

Vivemos a estranha situação de um condomínio que cobra cada vez mais caro dos moradores para manter a boa vida do síndico e de alguns amigos e vive com recursos limitados pra pagar as contas de água, luz, impostos e taxas e sem nenhuma reserva financeira para atender qualquer necessidade extra. O pior é que o apetite do síndico e de seus amigos só aumenta.

A situação apresenta desdobramentos graves, porque a esculhambação da administração pública e ineficiência da justiça, dissemina o princípio da casa da mãe Joana, onde se acredita piamente que o dinheiro público não tem dono e por não ser de ninguém, pode ser usado pelos espertos da maneira que querem e podem.  

E tome este festival de desvios de verbas, propinas, obras superfaturadas, super salários, comissões extras, verbas de representação duvidosas, negociatas e negócios escusos, mutretas de toda ordem, participações especiais em obras e licitações, quase tudo sem investigação, e quando descoberto, sem a punição dos culpados e o ressarcimento dos recursos afanados.

Até quando vamos viver neste “vapt vupt” administrativo, onde, um bando de cabeças de bagre tomam decisões desastradas, não conseguem resolver nada direito, se acham acima da lei e nos custam os olhos e a vergonha da cara.

 Tá na hora de exigir reformas essenciais e urgentes: administrativa, tributária, política e da previdência social, que resolvam de vez os problemas e coloquem um basta nesta zona, para que tenhamos ordem e progresso de fato.

Além disto, uma ampla reforma do judiciário que dê agilidade à justiça, para que ela consiga, finalmente, punir os infratores, passar a régua no errado, fazer os acertos de contas necessários e enfrentar e limpar as barras sujas, doa a quem doer e sem coré coré.

Não da mais, ou tá no filó, ou este país despingola de vez. 

quinta-feira, 12 de janeiro de 2012

A PROPAGANDA É A ALMA DO NEGÓCIO - Por Benjamin Collares


(SERÁ QUE NEGÓCIO TEM ALMA? E PROPAGANDA É PRA ISTO?)
É incrível como o marketing virou uma ferramenta de divulgação da suposição; ou instrumento de ”disfarce”, pois, ao não informar tudo sobre um fato ou um produto e procurar associá-los a um conceito ou idéia, passa a gerar confusão de interpretação nas pessoas, que acabam perdendo a noção de tempo e espaço, presente e futuro e não conseguem mais diferenciar, de forma clara, o real do imaginário.     

Antigamente a propaganda era mais direta e limitava-se a informar sobre as características, qualidades e benefícios de produtos e serviços. Da mesma forma as notícias eram bastante objetivas em seus registros e havia sempre a preocupação em deixar claro o que era fato e o que era especulação.   

Hoje com as novas tecnologias, maior velocidade, novas mídias e o processo de massificação, tudo mudou. Há uma pressa generalizada em informar e uma “necessidade” de se ter detalhes, novidades e de chamar a atenção de todos. Tudo tem que virar notícia e despertar o interesse das pessoas. A ordem é informar sempre, seja o que for, do jeito que for e até, se preciso for, fabricar o que for. Esta pressão por informar e ser informado passou a interferir muito na forma de se apresentar os fatos e aí é que mora o perigo.

A primeira mudança significativa ocorrida foi uma espécie de catequização e doutrinação das pessoas para a importância de se estar sempre bem informado, despertando nelas o desejo por “notícias”. Não é preciso confirmar o sucesso alcançado neste processo. Hoje, basta observar o comportamento da maioria com relação aos e-mails e ver como ficam angustiados se não recebem novas mensagens e o stress e o prazer que sentem em relatar o grande volume de respostas ainda a serem dadas. Da mesma forma é quase permanente a fiscalização ao facebook e ao Orkut em busca de novas informações, sem contar as “salas de bate papos,”, a grande quantidade de torpedos via celular, o twiter, acessos à internet, além das mídias tradicionais: TV, rádio, jornais, livros e revistas, que também não registraram redução significativa de procura.

Assistimos a uma acirrada disputa por furos de reportagem e pelo ineditismo da notícia. Da mesma forma e em consequência desse processo todos passaram a gerar e a receber notícias e, de certa forma, esta democratização, acabou provocando  crescimento no volume de informação disponível. Hoje se não filtrarmos as mensagens ficaremos reféns delas, em um processo de dedicação exclusiva à tarefa de “ser informado”.

A segunda grande mudança foi na forma e no conteúdo da informação. Se prestarmos atenção e tivermos maior rigor em relação à qualidade do que estamos recebendo, notaremos uma tendência à banalização, à superficialidade e uma certa “denorexação” da notícia, deixando-a com um jeito de “parece, mas não é”.
  
Vamos a alguns exemplos colhidos em observações diárias. A propaganda política (tem coisa mais chata?) é uma fonte riquíssima dessas imbecilidades óbvias, e acaba ficando com cara de programa de humor. O “partido x” alardeia com todas as letras que é um partido a favor da vida. Fico pensando se existe alguma outra agremiação que seja a favor da morte. O mesmo partido afirma também que está preocupado com o meio ambiente, com a condição da mulher na sociedade e que é a favor de uma educação de qualidade para todos, pois esta é a grande saída para o Brasil. No mais, não entra em maiores detalhes, nem apresenta qualquer proposta ou sugestão sobre como solucionar os problemas levantados, deixando a impressão de que só o fato de mencioná-los já demonstra a importância da atuação partidária.

 O ”partido y” diz que só faz o que o povo pede. O engraçado é que vendo os casos de corrupção e safadezas cometidas, constata-se que, na realidade, faz justamente, o contrário do que o povo quer e espera. Tem partido que é a favor do Brasil, como se existissem os malucos que se formassem pra serem contra.  Tem outro que afirma que, enfim, foi o que conseguiu mobilizar os brasileiros, como se fossemos uns imbecis que ao longo da história andamos perdidos e sem rumo e só agora, por meio desses verdadeiros guias mestres, fomos, finalmente, domesticados e aprendemos a pensar e a fazer as coisas direito. Aliás, se for pra acreditar mesmo nestas mensagens, perceberemos que o Brasil só passou a existir de fato nos últimos dez anos e nunca antes na história.

Tem partido que se apresenta como sendo aquele que tem compromisso com a família e eu fico imaginando com qual família em especial, pois não vejo qualquer outro que possa sobreviver politicamente sem dar importância à família. Outro se proclama como sendo o partido do Brasil, o que me leva a crer que todos os outros sejam estrangeiros.

A realidade é que convivemos diariamente com mensagens vazias e totalmente óbvias, das quais não surgem propostas efetivas e o pior, constatamos um grande número de partidos sem identidade, sem ideologia e sem qualquer conteúdo programático. Um verdadeiro desperdício de tempo, dinheiro e da nossa paciência.
Na mesma linha seguem as propagandas e anúncios dos governos em geral: o governo federal, por exemplo, diz que agora o Brasil está em boas mãos e completa dizendo que ele está nas mãos do povo brasileiro. O que me leva a crer que antes ou estávamos nas mãos de alienígenas ou dominados por outros povos.  A “prefeitura B” informa que pra ela o importante ”são as pessoas” e que um governo que cuida bem de suas crianças, cuida bem de todo mundo. Eu, na minha humilde ignorância, acho que cuidar bem das crianças é muito importante, mas quem cuida bem das crianças, cuida bem das crianças e não de todo mundo, a não ser que prevaleça aquela máxima de que ninguém jamais deixa de ser criança.

Outro anúncio diz que acaba de ser criado o programa “professor da família” e que ele é muito importante e que esses profissionais já estão trabalhando, mas a informação para por ai, nada se diz sobre os objetivos do programa, quantos são os profissionais envolvidos, onde estão atuando, como são realizadas as visitas e a quem o programa beneficia. Outra prefeitura informa que os serviços de saúde melhoraram muito, pois os atendimentos em consultórios aumentaram 97% e o número de médicos e de cirurgias dobrou. Não se esclarece, no entanto, quantos eram e quantos passaram a ser, e ai fica a dúvida, pois afinal, quem fazia 1 (uma) cirurgia e passou a fazer 2 (duas) tem 100% de aumento, e se os médicos passaram de 2 pra 4 também. O que não deixa de ser uma melhora, mas pode não significar nada diante do quadro existente.

Quanto às obras realizadas, aí a loucura é maior, são divulgados programas e mais programas e a população fica sem saber o que já está pronto, o que está em andamento e o que é somente projeto. Os anúncios não esclarecem e tendem a fazer crer que tudo já é realidade. Com o tempo alguns programas de obras mudam de nome, de dono, de cor e aí não se sabe mais o que aconteceu com o “anterior”. No final das contas o único progresso percebido é em relação à crescente elevação dos custos das obras, como um passe de mágica.

A realidade, no entanto, continua imutável, estradas esburacadas e matando cada vez mais, transito caótico, aeroportos lotados com muitos atrasos, obras essenciais paradas ou apenas projetadas e a infraestrutura do país totalmente deficiente e incapaz de suportar o ritmo do desenvolvimento econômico.  O que se renova sempre é a propaganda dizendo que tudo está melhorando, que vai valer à pena, que o governo não para de trabalhar por você e que novas soluções milagrosas estão a caminho.

As recentes chuvas que castigaram várias cidades do país revelaram essa realidade de forma cruel. Assistimos a um total descompasso entre mensagens na TV dizendo que as cidades nunca tiveram tantas obras e progrediram tanto, ao mesmo tempo, em que tragédias com as chuvas eram mostradas e evidenciavam velhos problemas sem solução.  

No caso de produtos e serviços é a mesma coisa. São anunciados diariamente grandes descontos, em liquidações espetaculares, mas nunca se diz em qual produto ocorre aquele desconto de 80%, nem as diferenças de preços praticadas antes e depois. Apenas coloca-se pressão em cima do consumidor dizendo pra ele que é só amanhã e se ele não correr vai perder a grande oportunidade da sua vida.

Tem fabricante de veículo que tem a cara de pau de anunciar que está surgindo o melhor carro médio já fabricado no mundo, sem maiores explicações que justifiquem uma afirmação desta magnitude, pois não é apresentado nada de revolucionário ou o que os outros carros médios também não tenham. Na realidade é só “propaganda” pra fazer a versão virar fato, como mágica. O fabricante diz também que pra ele tudo está conectado e isto o inspira para o surgimento de “novas idéias e de novas possibilidades”. Que coisa fantástica! E eu que pensava que eram as velhas idéias que permitiam novas possibilidades.

Os anúncios de cerveja seguem a mesma linha, mas explicam menos ainda: temos o cervejão, ão, ão, ão, o que não quer dizer absolutamente nada, mas deve ser muito bom; ou a cerveja que desce redondo e recentemente deixou de estufar, fazendo muitos pensarem no milagre dos milagres de, finalmente, ter sido descoberta a cerveja que não engorda; outra que anuncia o prazer de ser brahmeiro, o que também não quer dizer nada além do fato da pessoa gostar de brahma e ainda aquela que é especial porque é filtrada duas vezes em temperatura abaixo de zero. Uma grande coisa, pois não dá pra perceber nada de extraordinário ao bebê-la. Tem empresa de telefonia anunciando que agora você fala ilimitado, mas deixa de especificar, em função da má qualidade do serviço oferecido, que isto só acontece “se você conseguir conectar-se”. (rs)

Os exemplos podem continuar indefinidamente em todas as áreas e situações, demonstrando o exagero a que se chegou. Virou a institucionalização do óbvio ululante de Nelson Rodrigues.

Que fique claro que, como tudo na vida, a propaganda e a forma de se comunicar precisam se modernizar e estar alinhadas aos novos tempos e de que é extraordinário o progresso feito e a criatividade envolvida nos anúncios e notícias atuais. O que não é concebível é este procedimento servir de meio para se tentar fazer uma besteira parecer uma coisa genial; mascarar a realidade pra parecer melhor e mais bonita; esconder a mediocridade atrás de uma bela paisagem, uma música ou sorriso de uma criança; fabricar e mostrar uma pessoa completamente diferente do que ela é e pensa; transformar um produto que é apenas uma fonte de prazer em instrumento de realização pessoal; servir de instrumento de defesa e contra ataque apenas pra esconder e tirar o foco sobre um escândalo ou um mau procedimento; e misturar tanto o virtual ao real a ponto de deixar as pessoas meio perdidas com a sensação de existência de duas vidas em paralelo, aquela que de fato vivem e a outra que são forçados a viver por meio de sonhos e desejos quase sempre não concretizados.

Afinal já é muito pesada a barra que carregamos para satisfazer as cobranças da sociedade e para atender adequadamente aos padrões de comportamento que nos colocam. Além disto, ainda temos a mídia nos vendendo de tudo um pouco e este pouco de tudo nos é apresentado como partes essenciais que irão compor a nossa felicidade. O interessante é que se formos levar tudo que é dito e oferecido ao pé da letra constataremos que são coisas totalmente antagônicas e incompatíveis umas com as outras, o que, além de servir de alerta, nos permite exercer a opção de escolha do que vamos querer de acordo com nossas crenças e desejos.

Sendo assim não há espaço e nem é ético esse exagero, disfarce e a mistificação das coisas. Como diz o ditado “juízo, bom senso e caldo de galinha não fazem mal a ninguém”, para o bem de todos e felicidade geral da nação.

quinta-feira, 22 de dezembro de 2011

SERÁ O IMPOSSÍVEL ? OI, BB OU BBB, O QUE SERÁ PIOR? - Por Benjamin Collares

Após 1 ano e 4 meses afastado do mercado de trabalho, recebi um convite para voltar. Não que não tenha trabalhado neste período, pois na definição googleniana, trabalho é toda atividade física ou intelectual com o objetivo de fazer, transformar ou obter algo.

Assim se levarmos a fundo esta definição veremos que não há porque classificar qualquer indivíduo como malandro ou vagabundo, pois se existem situações em que é melhor ficar calado, é claro que também existirão aquelas em é melhor não se fazer nada, especialidade desses indivíduos citados.

No meu caso, devo confessar que, nesse período, realizei muito mais trabalhos intelectuais do que físicos, claro que num conceito bem amplo de intelectualidade e bastante restrito de físico.

Mas este não é o ponto que desejo enfocar. Acontece que o meu novo empregador solicitou-me a abertura de uma conta no Banco do Brasil. Pra mim foi algo inédito, uma vez que pelo meu “espírito” desconfiado de mineiro, sempre relutei em ter conta no BB.  A minha teoria,  não compartilhada com ninguém até hoje, é de que nascer no Brasil foi destino; e, depois de tanto tempo, posso afirmar que não dá pra reclamar, apesar da parte” ruim” me deixar, muitas vezes, completamente injuriado e perplexo, mesmo já estando na fase da maturidade(rs); agora escolher  um banco de nome Brasil para  cuidar de minhas finanças é ser doido varrido, querer viver  perigosamente ou gostar de emoções fortes.

Na prática, apesar de poucas, as minhas experiências nunca foram boas com o BB, tendo é claro que se dar o desconto da minha prevenção natural.

Entusiasmado e com o espírito aberto encaminhei-me para a agência do meu bairro e entrei na fila pra pegar uma senha. A primeira situação que me chamou a atenção foi o fato de uma pessoa do banco estar ao lado da “maquina” de senha para distribuí-las. A princípio pensei que fosse um defeito no equipamento, depois vi que, na realidade, havia situações para pegar a senha e outras não.

 A abertura de conta, por exemplo, não era o caso de senha. Fui orientado a tirar cópia de todos os documentos e depois, voltar ao banco para entregá-las à recepcionista, que ficava em uma mesa ao lado da máquina de senha. Percebi que a realidade da fila permanecia a mesma, só que com a sofisticação de, agora, se ter fila com e sem senha. (Que som estranho).

A princípio me senti em posição desconfortável por não ter conseguido uma senha. Pra mim significava algo ruim, o que comprovei mais tarde. No meu pensamento, o fato de não possuí-la, me colocava de fora de uma espécie de “cliente vip que vai enfrentar filas” o que prenunciava mais complicações.

Fiz as cópias dos documentos numa banca de revista próxima e voltei ao banco para enfrentar a fila dos sem senhas. Depois de algum tempo consegui ser atendido, entreguei as cópias e expliquei o motivo para a abertura de uma conta. A recepcionista, muito simpática, me explicou, que pelos procedimentos do BB, ela deveria recolher os meus documentos e agendar uma data para eu retornar para finalizar o processo.

A minha surpresa foi que a data escolhida foi de 5 dias à frente e quando mencionei a necessidade de ter um número de conta pra informar ao meu empregador, ela me concedeu um desconto, reduzindo o prazo para 4 dias. (Ô Loko meu ou viva o BB).

Sem mais para o momento, me retirei da agência meio aéreo, sem entender direito, não acreditando, sem forças pra protestar pelo fato de que em pleno século 21 e na era da informática ter que gastar quase uma semana só para ter uma conta bancária aberta.

As justificativas que pensei para não explodir foram: 1) o BB, por ser o todo poderoso BB, pode se dar ao luxo de “escolher” os seus clientes, 2) o BB, por carregar nas costas esse nome, precisa : burocratizar, irritar, encher o saco,  complicar, dificultar e sacanear a vida dos atuais e futuros clientes, só pelo prazer de fazer isto ou pra preservar a cultura do país e, 3) apenas pra confirmar tudo que eu sempre imaginei dele:  “O BANCO QUE É A CARA DO BRASIL”. 

Como sempre há males que vem pra bem, o prazo exagerado dado ou pedido pelo BB deu tempo para que ocorressem mudanças de planos e que eu, graças a Deus, não precisasse mais abrir a conta no BB (Brigite Bardot) e pudesse utilizar a minha conta bancária “normal” de outro banco.

Vocês estão imaginando que a história termina aqui com um final feliz por um lado e infeliz por outro? Não, tem mais pela frente.

Uns 10 dias depois voltei ao BB pra buscar as cópias dos meus documentos entregues por antecipação, já que não precisaria mais abrir a conta. O que vocês imaginam que aconteceu?

A conta já estava aberta? Eu ganhei um premio especial por estar na fila certa, na hora certa e sem senha? Os documentos foram enviados de volta à minha residência, pois não compareci na data certa previamente agendada? O BB meu deu uma premio especial por ter sido o cliente número xxxxxxxx? Vocês acreditam que Papai Noel existe, só que a roupa que ele usa é preta e branca em homenagem ao Galo que entrega jogo de presente de natal ao maior adversário?
Ao dirigir-me à mesma recepcionista que me atendeu anteriormente e explicar-lhe a situação, fui orientado a entrar na agência propriamente dita e procurar o funcionário X da primeira mesa à direita. Para isto passei pela porta giratória, aquela que sempre barra toda mulher que estiver portando uma bolsa nos ombros. (Não é verdade?).
Expliquei novamente a situação ao funcionário x, que no primeiro momento tentou me voltar pra recepcionista, mas depois resolveu agir. Primeiro procurou nas pastas de propostas de abertura de contas em sua mesa e não encontrando foi ao andar superior onde funciona o atendimento agendado.
Dez minutos depois ele voltou, fez uma ligação telefônica e procurou novamente nas pastas em sua mesa. Por fim, sem solução, me disse que, provavelmente os meus documentos se encontravam no posto de atendimento do banco localizado ao lado da agência, perto do sacolão. Disse também que havia ligado para o posto e que os documentos não haviam sido localizados lá, mas que, provavelmente, estariam lá e que eu procurasse a funcionária y, que era chefe do posto. Sinceramente, da pra entender uma situação dessas?
Mais uma vez sai da agência um pouco aéreo, sem entender direito, não acreditando no que havia acontecido.
Não procurei posto nenhum, nem fiz sacolão. Fui pra casa intrigado e com a pergunta na cabeça que queria fazer ao funcionário x e deixei pra lá. Se eu entreguei os documentos na agência que escolhi, porque é que eles foram parar supostamente no posto perto do sacolão? Será que o BB possui um departamento de classificação de abertura de contas em que algumas são escolhidas para serem abertas pelo posto perto do sacolão? Será que são as sem senhas? Ou é feito um sorteio das contas classificadas para a agência e para o posto? Ou será que as contas consideradas abacaxis ou pepinos contam com a colaboração dos funcionários do sacolão na avaliação final?
Não me interessa mais as respostas. Sei que no Brasil, na maior parte das vezes, elas quase sempre não esclarecem, apenas dissimulam, enganam e fingem responder mudando completamente o rumo da prosa. Afinal estamos no Brasil e assim também sempre será o Banco do Brasil.
Aprendi a viver no meu país e a conviver com as situações. Na maioria das vezes não é pra se levar a sério o que se diz, o que é noticiado, nem o que é alardeado como feito. Só o tempo pra ensinar como se faz esta decodificação. Claro que muitas vezes você se engana com uma situação, pessoa, associação, partido político, etc,  mas rapidamente tudo é reprocessado e você passa a ter novos parâmetros de avaliação.
Não me iludo mais, nem tenho a pretensão de ver o Brasil finalmente deixar de ser o país do futuro e se tornar realidade. Pra ser otimista espero que a geração dos meus netos possa conseguir este feito, apesar de achar uma missão quase impossível em razão da situação atual e vejam vocês que meus netos ainda nem nasceram. (rs)
Um exemplo de situação vivida por mim recentemente foi um processo judicial com a empresa de telefonia OI (pelo nome já da pra se avaliar). Não interessa aqui o que aconteceu, talvez em outro artigo, mas durante todo o processo a empresa utilizou de vários expedientes para vencê-lo na pressão. Envia seu nome pro Serasa indevidamente, depois encaminha propostas com descontos de 50% pra saldar a dívida que você está tentando provar que não é sua e dificulta ao máximo qualquer contato ou acordo. Nesta situação a persistência é tudo, pois você está com a razão e, claro, precisa de um advogado. Foram quase 3 anos pra ver a dívida ser reduzida pela justiça a menos de 10% do valor cobrado e a empresa ainda pagar uma multa de 4 vezes o valor cobrado inicialmente. Este é o nosso País. As empresas agem assim, porque a justiça é lenta e a maioria das pessoas não tem paciência para esperar e acabam concordando com um bom desconto numa dívida que não é delas.
Por estas e outras, que o Brasil não é pra ser levado tanto a sério, tudo tem de ser a meia boca, na média, a meia luz (rs). Praticar o bom humor e ter paciência são qualidades essenciais para se viver e entender o espírito e o jeito brasileiro de ser. .
Por isto em vez de me preocupar com OI ou BB, e também pra escrachar de vez, não vejo a hora de começar o BBB 12 em janeiro de 2012 (que coisa mais deprimente) e, porque não, de chegar a copa do mundo de 2014 pra ver como será.  
É MUITA EMOÇÃO NA SUA TELEVISÃO. BRASSSSSIIIILLLLL.